Aquele dia - Conto inspirado em sonho.

Uma mistura de IA, Chobits e 1984. Total mistureba, porém muito romântico. Uma versão reduzida de um conto que pode ser muito desenvolvido (pelo menos na cabeça da idealizadora já foi - :P)


Um tempo próximo ao nosso, um pouco a frente talvez. O mundo passara por várias mudanças, tanto climáticas como na sociedade. As pessoas estavam mais medrosas, todos tinham perdido alguém ou estavam sozinhos. E foi nesse cenário que eles surgiram. Num primeiro momento eram simples ajudantes no nosso dia-a-dia, porém com a rapidez da tecnologia eles passaram a cada dia ter mais a nossa aparência, até o ponto que você não poderia diferenciar o que era um deles e o que era um de nós.

Adquiri-los era fácil, o Governo inclusive apoiava a compra deles, e o fazia exatamente para nos controlar, desde a nossa quantidade de filhos, até os nossos hábitos de consumo.

Ela era uma menina comum nesse mundo, 22 anos, já bem sucedida, terminara sua pós (sim, neste mundo o ingresso a faculdade dá-se aos 15 anos), era uma profissional de comunicação para uma grande empresa produtora deles. Sua aparência era meiga com cabelos castanhos claros longos, com grossos cachos formando-se nas pontas, olhos esverdeados de uma curiosidade felina e estatura média, quase pequena, corpo delicado porém delineado e mãos pequenas de criança. Seu dia-a-dia era normal, acordava cedo, preparava seu café e ia trabalhar, era responsável por aumentar as vendas deles, fazendo com que as pessoas trocassem sempre pelo mais novo modelo. Havia uma grande quantidade deles espalhados nas ruas, as vezes rejeitados pelos donos que acabaram de adquirir um novo modelo.

Certo dia, seu chefe a chamou para uma conversa, a empresa decidira lançar um novo tipo deles, um que cresceria e amadureceria junto com seu dono, um que nao poderia ter a memoria apagada ou reprogramada, um que seria único, uma nova experiência. Ela aceitou, e para uma sala foi levada, onde no canto um deles estava lá, aparentava 9 anos, era ávido, gentil e educado. Decidida, ela o levou para casa, e o programou conforme orientada pela diretoria. E eles passaram a ser amigos, todos os dias de manhã ela a ajudava no café, iam para o mercado, passeavam no final de semana, ele a esperava no final do dia e conversam sobre vários assuntos. As vezes ela até esquecia que ele era um deles... Uns meses depois, ao voltar para casa no horário comum, ao abrir a porta não mais vê um "menino" e sim um rapaz de mais ou menos 15 anos. Assustada saiu correndo, gritando, assustada. Ele veio a ela e dissera que tinha se desenvolvido no programa de aprendizagem e que isso era bom, significava que ela era uma boa usuária e que estava tudo bem. Após esse episódio a aproximação entre os dois ficou mais forte, ele era 1 irmão, filho, amigo. E ela, como toda uma geração de jovens solitários, estava muito feliz ao lado dele. Mais meses se passaram e o mundo entrou em uma nova fase, a aproximação dos humanos com eles, causara guerra em algumas partes do mundo. As pessoas exigiam uma humanização, com a destruição em massa deles. Eles passaram a ser agredidos nas ruas e seus donos começaram a tranca-los em casa por segurança.

Um dia, ao acordar de manhã, ela olha para o lado e não vê aquele menino de 15 anos, mas um homem de aprox 28 anos deitado próximo dela. Dessa vez ela apenas o chama pelo nome, e ele sorridente da-lhe bom dia.

Os dias eram difíceis, era perigoso sair a rua, registros de "humanidade" eram instalados nos supermercados impedindo eles de sair nas ruas a pedido dos donos. Porém ele era diferente, ela a acompanhava sempre, mesmo com o perigo, ela entrava, ele ficava próximo e saíam de mãos dadas evitando desconfianças.

Em um domingo, enquanto ela almoçava, e ele a observada, ele resolveu ajuda-la a lavar a louça, como sempre fizera. Quando ele tocou suavemente sua mão, ela estremeceu, um sentimento estranho tomou conta dela e ele percebeu pela sua pulsação, perguntando-lhe se estava tudo bem.

Os dias passavam e cada vez que ela olhava de longe aquele rapaz moreno, alto com olhos ligeiramente puxados e sorriso largo e doce esquecia que ele era um deles. Para ela, ele fazia parte dela, e sem perceber, ela já estava apaixonada.

Acordavam e dormiam juntos todos os dias, e numa manhã, quando acordou, ela o viu olhando diretamente para ela, ela perguntou se estava tudo bem, e ele disse que achava que estava com defeito, porque "sentia" algo muito estranho. Ela lhe perguntou se tinha algum problema no banco de dados ou nos dados de memória e ele disse que não, que quando a olhava "sentia" algo como um curto circuito. Ele disse que andava pensando muito nela e que não sabia o que isso podia significar. E ela apenas o abraçou, e os dois juntos naquele momento, passando todos os limites entre o real e o ético, se beijaram.

Ela sabia que aquilo era muito estranho e ele sabia o que significava um deles apresentar tal "defeito". Ele iria ser destruído assim que possível. Não poderiam viver esse sentimento, não a olhos vistos.

Resolveram fugir, ela juntou todo o dinheiro que podia e resolveram ir para uma região distante no interior do país. Lá, eles não eram comuns e as pessoas não seriam capazes de identificar as diferenças.

Porém, no meio do caminho foram perseguidos, separados, sofreram e quase morreram, mas no final, independente do que fosse, se amavam e graças á pessoa que o criou, ele poderia acompanha-la pela sua vida, como um de nós.

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